Victor, escritor e estudante de direito de 22 anos, nós concedeu uma entrevista exclusiva, onde ele falou sobre sua experiência de escrita e sobre seu livro "A equidade seletiva de Navim" obra essa que foi a campeão do concurso Del Angelo na categoria Ação/terror/suspense.
A nossa estudante de jornalista, Mariana Silva foi quem conversou com ele.
Mariana: Meus parabéns pela sua vitória Victor e obrigado pela entrevista.
Victor: Bom dia! Queria agradecer mais uma vez pela oportunidade de ter participado do concurso e por conseguir essa tão almejada classificação.
Eu me chamo Victor, tenho 22 anos, estou no último semestre de direito. Sobre minha pessoa, bem, me considero extremamente eclético, ou seja, gosto de muitas coisas kkk. A literatura e a leitura são paixões que foram desabrochadas a pouco tempo, embora sempre tivesse certa aptidão para escrever. Meus Hobbies favoritos são assistir filmes, séries, animes, jogar videogame e estar com minha família e meus amigos. Meus passatempos geralmente são mais estar em casa, ir ao cinema, ir para um bom restaurante, passar o dia na piscina ou na praia e viajar.
Pergunta: O que inspirou você à começar a escrever?
Victor: Este é o meu primeiro livro, e ele foi desenvolvido de um jeito bastante inusitado. Minhas primeiras inspirações sem dúvida foram os conteúdos que eu consumia e já amava quando criança, dando ênfase aos filmes de Harry Potter, que até hoje sou fã (inclusive, já estou com os ingressos para assistir o relançamento esse domingo). Aos nove anos fiz o primeiro esboço da história, que seria romance, mas após três capítulos eu parei de escrever. O romance seria entre um menino mudo e uma menina cadeirante. O menino mudo, sendo judeu, se chama Charlie, em reverência à Charlie Chapplin, o primeiro grande ator do mundo que emocionou a todos sem dizer uma palavra sequer. O nome do livro seria "aprendi sem palavras que o amor não tem voz", e ele se passaria na Alemanha pós Segunda Guerra Mundial. Charlie entraria em uma escola onde o diretor herdaria traços nazistas, além de ser pai da menina cadeirante. A priori, todos iriam odiar o protagonista, exceto a menina, que se chama Luna. Ao passo que eles fossem ficando amigos, Charlie iria descobrir que o maior sonho de Luna é brincar em uma montanha-russa, mas ela não pode por suas limitações. Assim, ele colocaria como objetivo principal se tornar um homem rico e famoso capaz de montar um parque para crianças especiais. Para isso, ele seria um ator, como Charlie Chapplin. Essa primeira fase do livro, feita por um garoto com menos de 10 anos, viria também para combater o bullying e o preconceito. Graças a Deus nunca tive esses problemas, mas meus amigos sim, e isso foi algo que sempre me revoltou, pois, não existe, na minha opinião, algo mais primitivo, esdrúxulo e desumano que o preconceito.
Acontece que pela idade, eu não conseguia desenvolver a história com facilidade, sendo a maior dificuldade os diálogos de Charlie, uma vez que este personagem é mudo. Eu não queria simplesmente seguir um caminho fácil, onde todo mundo entenderia o que ele falaria em libras, afinal, este é um grande tabu de nossa sociedade, que infelizmente não tem acesso a esse tipo de aprendizagem nas escolas. Revisitando um pen-drive com o livro em 2020, reli a história e até curti, assim, resolvi dar continuidade, só que dessa vez me adequando aos meus gostos atuais e a assuntos que gosto de estudar, ou seja, a temática de Segunda Guerra Mundial seria melhor explorada, não sendo apenas um plano de fundo. Assim, digo que minha inspiração atual ao livro é um mix de gostos pessoais, tendo como uma das partes fundamentais o interesse em trazer assuntos polêmicos para serem lidos, debatidos e questionados, afinal, como diria Edmund Burke, "Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.” uma leitura recente, feita no meio da escrita do livro e que foi de acordo com a temática e também me inspirou foi "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, um livro fantástico que senão me engano tem menos de 100 páginas e traz diversos ensinamentos pertinentes. Mas o principal motivo foi tentar vencer o tabu e colocar algo mais fora da caixa, que no caso são os personagens especiais.
Pergunta: O que o wattpad representa pra você?
Victor: Já disse outras vezes, mas repito: o Wattpad é um aplicativo que democratiza a leitura e cria oportunidades dificilmente dadas ao escritor. Lá pela metade do livro, comecei a me questionar o que eu faria ao terminá-lo, ou seja, como eu iria publicar? Vender? Foi aí que resolvi procurar no YouTube. Uma mulher, a qual não me lembro o nome, recomendou o Wattpad como uma porta de entrada para a divulgação do trabalho, e cá estou, entrando em todos os concursos que eu vejo. O Wattpad para mim, é sinônimo de oportunidade e, metaforicamente, a escada que estou usando para alcançar meu sonho.
Pergunta: Quais são seus objetivos como escritor?
Victor: Meu objetivo como escritor é escrever uma obra interessante, original e que desperte através da leitura o aprendizado e o interesse por assuntos importantes que não podem ser esquecidos, como as guerras e o nazismo. Mas a minha maior conquista será ver que de alguma forma os meus personagens tocarão no coração e representaram alguém especial. Emociono-me ao ver filmes que abordem diversidades ao colocar um elenco com pessoas extremamente diferentes, seja pelo gênero, pela sexualidade, pela cor ou pela condição física e mental. Quero poder algo causar a mesma sensação de representatividade aos leitores.
Pergunta: Como é o seu processo de escrita?
Victor: Essa é um tanto difícil de responder. Considero-me uma pessoa criativa e possuo um bom vocabulário para alguém que não lê o tanto que deveria. Isso me ajuda a conseguir desenvolver os capítulos e pensar em acontecimentos não convencionais. Mas eu me dou a liberdade de escrever apenas quando eu estou me sentindo bem para isso. Tiveram meses que eu escrevi praticamente todos os dias, e hoje, tenho 450 páginas prontos, estou a umas três semanas sem tocar no livro, por obrigações da faculdade e da vida profissional. Mas em síntese, eu escrevo um capítulo, leio, corrijo, melhoro, mostro para os leitores betas (vulgo namorada e amigos kkk), pego a opinião, filtro para melhorar, mudar ou reescrever, releio tudo de novo, e só quando sentir segurança passo ao próximo capítulo. Outra coisa que faço é reler 5 em 5 capítulos de forma sequencial, para ver se o ritmo e se os acontecimentos ficaram lógicos, naturais e de uma forma crível. Quando coloco no Wattpad, ainda releio mais uma vez, afinal, eu considero que os leitores de wattpad estão lendo a versão final, que não pode ter carências ortográficas.
Pergunta: Nós conte um pouco sobre o seu livro.
Victor: A Equidade Seletiva de Navim, nome da minha obra, é uma distopia para maiores de 16 anos com elementos vistos em aventura, suspense e mistério. A história gira em torno de uma cidade fictícia, chamada de Ruguefor, onde todas as minorias ou grupos historicamente oprimidos se encontram em condições análogas de escravidão, uma vez que seu Presidente Navim, chamado também de grande líder, coloca todos em condições sub-humanas. Navim é filho de Adulog Niedler, presidente falecido de Mongiru (país da obra), que morreu na segunda batalha dos Mundos. Adulog foi conhecido como o homem que perseguiu diversos grupos sociais, escravizou e os matou de todas as formas possíveis, sendo o método mais comum a câmara de gás. Navim, seu sucessor, veio com um discurso diferente, dizendo que ninguém deveria ter morrido e que todos tem o direito de viver, desde que em seu devido lugar. Assim surge sua equidade, a prerrogativa que ele precisava para poder escravizar novamente todos os grupos já perseguidos. Dentre os personagens, os protagonistas são Susie, Harry e Charlie, família judia que vive em Ruguefor e mesmo não suportando mais a amargura da vida, seguem como capachos do governo. Não quero falar muito mais, uma vez que a graça é ler e ir se aventurando na trama, mas eu prometo que o livro além de ser polêmico, traz muitas reviravoltas, mistérios, conflitos e críticas sociais. É importante destacar que é uma obra pesada e poder trazer gatilhos de todas as formas possíveis. Espero, diante dessas considerações, que todos que forem ler se divirtam :)
Pergunta: Seu livro/personagens possuem algum simbolismo ou curiosidade?
Victor: Praticamente todos possuem um simbolismo, pois os protagonistas possuem características vistas em grupos sociais que nos dias de hoje ainda sofrem preconceito. Assim, não será incomum ver na trama negros, judeus, ciganos, além de vários gêneros e sexualidades presentes no nosso mundo. Outra curiosidade bacana é que muitos nomes são homenagens a nomes de outros personagens e figuras que admiro, como o Harry, que se refere a Harry Potter, o Charlie, que se relaciona ao humorista do cinema mudo Charlie Chapplin (inclusive este é o personagem mudo da trama). Também existem homenagens que se relacionam a séries que curto, como Modern Family e How i met your mother. Quanto a Navim, antagonista da trama, este nome surge como uma espécie de crítica e analogia ao nazismo, uma vez que Navim prega o navinismo, regime totalitário de seu governo inspirado no regime adotado por Hitler. Também faço menções a pessoas e a casos reais que estão descritas nas entrelinhas. Em determinado momento, por exemplo, será apresentado um personagem que é um cientista psicólogo aclamado pelos Fardados (exército de Navim) e pelo próprio Presidente. Ocorre que esse personagem é uma crítica à James Watson, americano que ganhou o prêmio Nobel e perdeu os títulos honorários por comentários racistas, também vistos no personagem do livro. Tento deixar ao máximo essas citações visíveis, ao criar nomes bem próximos do original, para que assim o leitor possa aprender com a trama.
Pergunta: O que você diria aos novos escritores do wattpad?
Victor: A todos os escritores do Wattpad, digo para nunca desistirem de sua obra por comentários terceiros ou por ela, a priori, não estar tendo o acolhimento esperado. A primeira prioridade deve ser a qualidade do que está sendo escrito, e não o número de pessoas que estão lendo, curtindo e comentando, tudo isso é uma consequência que virá naturalmente na plataforma. Também acho fundamental procurar os concursos, pois são uma grande oportunidade de aprendizado, de ter um feedback sobre o que escreveu e ter o almejado reconhecimento. E o mais importante: respeite o seu tempo e o tempo do seu livro. Não desista porque aparentemente ninguém gostou, não leu ou porque não está de acordo com suas expectativas. Se este é o seu sonho e o seu desejo, não coloque um ponto final até chegar no seu objetivo. Não gosto de desejar sorte, mas sucesso, e tenho certeza que todos que estão embarcando no mundo literário do Wattpad irão alcançar :)
Ao fim da entrevista, pedi que Victor nos enviasse uma mensagem final, o link de seu livro estará disponível logo abaixo, obrigado novamente Victor por sua entrevista e parabéns pelo seu trabalho.
Gostaria de agradecer primeiramente aos administradores do concurso pela excelência em atender os participantes. Este é o terceiro concurso que participo, e nunca vi um grupo tão organizado, pontual e educado com os participantes e os leitores. Agradeço também a todos que já leram ou irão ler o meu livro, e espero encarecidamente que todos tenham uma leitura proveitosa. A minha família, amigos e minha alma gêmea, toda a gratidão do mundo pelo apoio e por acreditarem em mim. E aos escritores que ainda estão lendo, repito: Não desista! Tenha fé em Deus, estude, faça o seu melhor que o reconhecimento virá!
O Clube del angelo agradece pela sua leitura, lembrem de apoiar os nossos escritores nacionais.
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